O embaixador (extraordinário e plenipotenciário) de Angola naquela que é, para o regime do MPLA, a sua maior referência em matéria de direitos humanos, democracia e pluralismo político, a Coreia do Norte, Garcia Bires, afirmou em Janeiro passado, em Pequim, que é intenção do estado angolano manter e alargar a cooperação entre Angola e a Coreia do Norte nos mais diversos domínios.
M ais recentemente, já este mês, a ONU anunciou que está a investigar possíveis violações ao embargo e sanções impostas à Coreia do Norte por parte de Angola (que foi membro do Conselho de Segurança das Nações Unidas).
O diplomata angolano fez a declaração no termo de um encontro com o vice-ministro das Relações Exteriores da República Popular e Democrática da Coreia do Norte, Choe Hui Chol, tendo realçado que se pretende reforçar e ampliar as relações já existentes.
Segundo Garcia Bires, a prioridade será dada às áreas de saúde e solidariedade pela causa do povo coreano, que luta pela reunificação independente e pacifica da península coreana.
Choe Hui Chol considerou excelentes as relações entre Angola e o seu país, acrescentando que as relações entre Angola e a Coreia do Norte continuam a desenvolver-se conforme desejo e expectativa dos dois povos e governos.
O diplomata norte-coreano agradeceu a postura de Angola durante o mandato no Conselho de Segurança das Nações Unidas, que recomendou uma solução negociada na resolução do problema da península coreana.
Como também não poderia deixar de ser, Choe Hui Chol enalteceu o papel do embaixador João Garcia Bires, que tem sido determinante para o fortalecimento das relações entre os dois países.
Garcia Bires, que se fez acompanhar no encontro pelo conselheiro, Virgílio Zulumongo, é embaixador de Angola na Coreia do Norte, com estatuto de não residente.
Recorde-se que uma comissão de inquérito da ONU encontrou provas inequívocas de tortura, execuções e fome na Coreia do Norte, onde entre 80.000 e 120.000 pessoas se encontram em campos prisionais. É uma estimativa que, reconheça-se, ofusca a história do 27 de Maio de 1977 onde o MPLA matou muitos milhares de angolanos. Não havia campos prisionais. Era matar, matar e… matar.
A Assembleia-Geral da ONU (contra a divina vontade do regime do MPLA) tem encorajado o Conselho de Segurança a denunciar a Coreia do Norte ao Tribunal Penal Internacional (TPI) para investigação de crimes de guerra, mas a China bloqueia uma tal medida, com o seu poder de veto que detém, enquanto membro permanente do Conselho.
Consta nos meandros políticos angolanos que o também “querido líder” Kim Jong-un queria estar presente na tomada de posse de João Lourenço mas que, agastado com as afirmações do novo Presidente angolano, resolveu continuar a assistir ao lançamento de alguns mísseis e a dizer que Donald Trump parece um “cão a ladrar”.
E quais foram essas afirmações? João Lourenço prometeu ser um reformador ao estilo Deng Xiaoping (Dengue Xópinga, na linguagem popular angolana) o que desagradou, com razão, a Kim Jong-un que, no mínimo, esperava que ele dissesse que queria ser um reformador do tipo Kim Il-sung.
Na mensagem de felicitações enviada a João Lourenço, Kim Jong-un não esqueceu a envergadura divina do presidente que agora, supostamente, abandona o poder – José Eduardo dos Santos. Prometeu, aliás, instituir o dia 28 de Agosto (nascimento do emérito presidente do MPLA e dono disto tudo) como “Dia Internacional Eduardo dos Santos”.
Homenagens similares estão previstas para as maiores democracias do mundo, começando no Zimbabué, passando pela Arábia Saudita, China, Cuba, Irão, Guiné Equatorial e terminando na Síria e também, se ainda existir, no Estado Islâmico.
Kim Jong-un promete igualmente adoptar uma parte do slogan usado pelo MPLA/João Lourenço no mais recente simulacro eleitoral realizado em Angola: “Melhorar o que está bem e corrigir o que está mal”. O querido líder norte-coreano explica que, no seu país, só é preciso “melhorar o que está bem”, já que (como quase acontece em Angola) nada está mal.
JES merece com certeza um “Dia Internacional Eduardo dos Santos”, afinal, não são muitos os líderes como ele, que reconciliou o povo angolano e que teve o melhor papel em África, o melhor estadista africano. Isto, é claro, descontando o facto de ser responsável por um país que é dos mais corruptos do mundo, que tem a maior taxa de mortalidade infantil do mundo e 20 milhões de pobres.